sexta-feira, outubro 12, 2007

ELISMO. QUE FUTURO?

de Lisboa, enviou o Presidente Internacional Alcindo Augusto Costa

1 - Fruto da vontade e acção de um pequeno grupo de homens bons, nasceu o Elismo na cidade de Santos, mais concretamente na Prainha de São Vicente, em 8 de Agosto de 1959, como movimento acentuadamente cultural, de congregação de valores humanos, na disposição de contribuir para a boa compreensão e entendimento entre os povos de todo o mundo e marcadamente como “veículo de propagação e defesa dos ideais que enformam a Comunidade Lusíada”.

Como via inicial a seguir, foi desde logo entendido que incumbe ao Elismo a defesa, expansão e propagação da língua portuguesa, bem como a defesa da cultura, usos e costumes de todos os povos e de todos aqueles que, estejam onde estiverem, pensem, escrevam e comuniquem entre si através da língua portuguesa, independentemente das diversidades e das particularidades de cada um e por modo a que a sua identidade não se confunda com a de outros povos ou pessoas e permaneça diferente, como o é, das demais.

Pouco a pouco, o Elismo foi crescendo, surgiram vários Elos Clubes em várias partes do mundo, por vontade e convicção de tantos que se sentiram na obrigação de a ele aderirem e de defenderem os seus valores e os seus princípios.

Está por fazer a história do Elismo nestes quase cinquenta anos de existência.
Mas analisada a vivência da maior parte dos seus clubes, principalmente a dos mais antigos, não poderemos deixar de concluir como foi profícua a sua actividade e como foi útil à comunidade em que estão inseridos e de um modo geral a toda a Comunidade Lusíada, a realização dos diversos eventos por eles promovidos e de sua inteira responsabilidade.

2 - Mas os anos foram passando.
Por razões várias alguns dos clubes, inicialmente e durante anos com intensa actividade, viram-na a pouco e pouco diminuída, e continuando embora legalmente constituídos, estão agora paralisados e sem ou com muito pouca actividade.
Por outro lado, não tem sido fácil conseguir-se a constituição de novos Clubes e ultimamente, só um, o de Leiria em boa hora e já com intensa actividade, foi constituído em Abril de 2006.
Infelizmente, Clubes há que vêem ano a ano reduzido o número dos seus associados e acentuadamente diminuída a sua actividade.

Felizmente, outros Clubes há que prosperam e todos os anos vêem aumentado o número de associados e de participantes nos seus variados e frequentes eventos.

A par disso, Clubes há também, e são muitos os que estando embora em plena actividade, ignoram e não cumprem muitas das disposições do Manual Elista, como sejam algumas das previstas no artigo 6º.do Regulamento Paradigma dos Elos Clubes e esquecendo também que e tal como se contem na Carta de Princípios Elistas, “cada Elos é fracção de um todo, é parte integrante de um conjunto (…) é elemento que se prende a ouros tantos formando uma poderosa corrente de pensamento e de acção, em função de ideais e de fins comuns”, abstendo-se, e não obstante isso, de cumprir as suas obrigações perante os órgãos directivos superiores e vivendo isolados como se só eles existissem e a ninguém tivessem de dar conhecimento da sua actividade.

É certo que, e principalmente os Clubes mais antigos, perderam já muitos dos seus primeiros associados e alguns deles, ainda vivos mas com falta de saúde, não podem comparecer aos diversos eventos que o seu ou até outros Clubes promovem.
E não terá sido tarefa fácil encontrar e conseguir novos associados em substituição daqueles.

3 - Não obstante todos estes contratempos não podemos desanimar e há que confiar no futuro.

Em tempos como os actuais, em que proliferam muitos, que abusando da palavra “globalizar”, para lá de pretenderem a por eles denominada e desejada globalização económica, pretendem de igual modo dominar os outros culturalmente, procurando convencer-nos de que só poderemos ser felizes e prosperar, se todos nós soubermos falar a sua língua e dela nos servirmos todos os dias, se possuirmos as suas instituições, os seus hábitos, os seus valores ou mesmo os seus desvalores, os seus costumes e se tivermos a sua maneira de ser e de estar no mundo.
Para isso, o que lhes importa é destruir outras culturas, impor uma única língua, apagar nações e reduzir identidades de povos e de pessoas.
Também por este motivo, cada vez mais, o Movimento Elista, tem actualmente e no futuro, plena razão de ser e deve estar cada vez mais activo.
Teremos de continuar a ser o que somos e como somos e não devemos olhar para o lado, dispostos a copiar os outros e a aceitar ser como eles são e como entendem que todos os demais devem ser.

E num mundo em que continua a haver guerra por toda a parte e mais ódio entre os homens, num mundo em que há cada vez mais violência e mais insegurança, nós elistas que defendemos e lutamos pela paz, pela tolerância e pela boa compreensão e a boa convivência entre todos os povos do mundo, que defendemos o recíproco respeito dos direitos humanos, a justiça, a igualdade e a liberdade, sem prejuízo das diferenças e das particularidades de cada um dos povos e nações, nós que defendemos a nossa cultura lusíada e a nossa identidade de povos, de etnias e de pessoas, é agora, neste momento e em toda a parte que temos de estar mais activos e mais acérrimos defensores daquilo em que acreditamos e daquilo que somos e queremos continuar a ser.

4 - Que fazer então para que esta crise seja debelada, para que o nosso Movimento não regrida e em vez disso se expanda cada vez mais e cada vez mais tenha mais aderentes prontos e sempre dispostos a defender, a propagar e a fazer valer os nossos ideais e os nossos valores?

a) - Antes de tudo, teremos de nos convencer que os primeiros a ir para a frente, somos todos nós elistas os que estamos nesta altura activos, somos nós que teremos de redobrar a nossa luta e os nossos esforços, somos nós que devemos ter como inquestionável que o Elismo não é propriamente uma teoria, mais que isso, é e deve ser para todos nós uma convincente motivação para a acção onde quer que estejamos.

Cada um de nós deverá começar por convencer, pelo menos um dos seus amigos ou mesmo um só que seja dos seus conhecidos, a filiar-se no seu Elos Clube.
Se isso não for desde logo possível, então que os convençamos a participar nos nossos eventos, a fim de melhor se aperceberem e melhor poderem saber quem somos, porque somos elistas e que alvos queremos nós atingir.

b) - E importante é também que, tanto por iniciativa de cada um de nós, como por iniciativa de qualquer uma das entidades elistas, sejam desenvolvidos esforços no sentido da criação de novos Elos Clubes, designadamente e diria mesmo principalmente, nos novos países de língua oficial portuguesa e em qualquer uma das comunidades lusófonas existentes nos quatro cantos do mundo.

c) - E será também conveniente que cada um de nós, mas principalmente as Directorias de cada Clube, recorram aos mais diversos meios de comunicação social e os convençam a apoiar e a fazer publicidade dos vários eventos que promovem, ainda que através de sucintas notícias.

d) - E é também vantajoso, como forma de propagação e defesa dos ideais que estão na base do Elismo, estabelecer contactos com as diversas entidades oficiais existentes em cada país que no essencial da sua vivência se propõem e quantas vezes propagam, defendem e lutam pela expansão e conhecimento da língua portuguesa, como é, por exemplo, em Portugal, o Instituto Camões ou a Fundação Luso-Brasileira.

e) - Além disso torna-se também necessário que cada Elos Clube não se isole, que conviva com os Clubes mais próximos, que lhes dê conhecimento das suas actividades e que obtenha a presença de algum ou de alguns dos seus associados, nos eventos que promove.



f) - E a comunicação entre os Clubes e até entre as mais diversas entidades elistas aparece indiscutivelmente muito mais fácil se cada Clube, diria mesmo se todos os Clubes e todas as entidades elistas, a todos dessem conhecimento do seu endereço electrónico, endereço que em dias de hoje é cada vez mais frequente, mais necessário, mais vulgar e para tudo, de todo indispensável.
E porque cada Elos Clube não há-de ter, como alguns já têm, o seu portal ou o seu sítio na Internet, em que todas as entidades elistas possam dar e ter conhecimento das suas actividades e dos seus programas de acção?

g) - Importante é também que aos jovens seja dado conhecimento do Elismo e dos valores e princípios que defende, conseguindo que constituam em cada Clube os chamados Elos Jovens, felizmente, alguns já existentes e muito activos, como por exemplo, os dos Elos Clubes da Praia Grande e de Faro.

h) - E é, principalmente, com a colaboração e activa participação dos jovens que é possível levar a bom termo concursos literários para defesa e difusão da nossa língua e da nossa cultura, concursos que muitos dos Elos Clubes, como sejam, entre outros, os de Faro, Olhão, Praia Grande e Londrina, periodicamente já realizam e que todos deviam realizar, publicando em seguida os principais trabalhos dos concorrentes, especialmente os premiados e os mais distinguidos.
E é graças à participação dos jovens nesses concursos que o seu êxito tem melhor expressão e claramente se apresenta como veículo de promoção e expansão do Elismo.

i) - Clubes há também que periodicamente editam o seu, denominado boletim, como forma de publicitar as suas actividades e os seus eventos e de ao mesmo tempo dar a conhecer a doutrina elista aos seus associados.
E seria bom e é aconselhável que todos os Elos Clubes façam o mesmo.

j) - E cidades há, tanto de um lado como do outro do Atlântico, em que vivem muitos emigrantes que não conhecem a língua portuguesa e por isso tem muita dificuldade em se integrarem e conviverem com aqueles que a conhecem e não conhecem a deles.
Por isso, também o Elos Clube em actividade nesses locais, pode e deve proporcionar a esses emigrantes aulas de português.

l) - Cada Elos Clube poderá também, pelo menos uma vez por ano, organizar um passeio cultural e turístico a que poderão ter acesso pessoas que ainda não sejam elistas e que depois poderão vir a sê-lo, passeio esse que pode ser organizado em conjunto com outro ou outros Elos Clubes e que a todos deverá proporcionar momentos de conhecimento dos locais escolhidos para visita, agradável convivência entre todos e modo de promoção do Elismo.

m) - A nível de relacionamento, pelo menos local ou regional, a bem do Elismo, haverá também que conseguir e valorizar o relacionamento com as várias entidades oficiais e obter delas eficiente apoio e reconhecimento das actividades e dos elevados ideais que são razão de ser do nosso Movimento
Clubes há já que conseguem esse proveitoso apoio de autoridades locais na realização dos seus eventos, seja através da sua participação e da sua presença em alguns deles, seja através da concessão de facilidades na utilização de locais apropriados para a realização de tais eventos e que, sem a autorização da respectiva autoridade, não poderiam ser utilizados.
Seguindo o exemplo desses Clubes, outros poderão e deverão obter colaboração das autoridades locais que mais não seja porque se a obtiverem, o evento tem, pelo menos, mais publicidade.

n) - São várias as associações e instituições privadas, em plena actividade tanto no Brasil como em Portugal e até em alguns dos outros países de língua oficial portuguesa, cujo objecto e razão de ser é defender, promover o ensino, a difusão e divulgação da língua portuguesa, na certeza de que é essa a melhor maneira de proteger o património cultural e a identidade das comunidades que a falam e escrevem.
Porque incumbe ao Elismo essa mesma actividade, convém estabelecer contactos, parcerias ou protocolos com todas essas entidades e se possível actuar em conjunto com elas.
Também assim o Elismo será mais conhecido, será mais activo e poderá ganhar mais aderentes e melhor poderá atingir os seus objectivos.

o) - Finalmente, porque a união faz a força, é unidos que todos nós elistas e Clubes, devemos estar.
É unidos que poderemos publicitar mais facilmente e melhor poderemos robustecer o nosso, cada vez mais, indispensável Movimento e é unidos que melhor poderemos defender e difundir tudo aquilo em que acreditamos e por tudo quanto ansiamos e gostamos de viver onde quer que estejamos.

Unidos cada vez mais nas nossas acções e na nossa estratégia, unidos no rigoroso cumprimento das disposições estatutárias e unidos na defesa dos nossos valores e dos nossos ideais.
E conscientes devemos estar de que se” desunidos somos menos, unidos somos mais.”

p) - E se é certo que um dos principais objectivos do Elismo, é o da propagação, expansão e defesa da língua portuguesa, falada nas cinco partes do mundo e nos mais diversos países e é há já alguns anos, também a língua oficial em seis novos países, pouca interessa alardear tão elevados objectivos, se o Elismo não estiver activo em todos esses locais em que é falada e não tiver uma vivência capaz de corresponder aos elevados fins que determinaram a sua criação e cada vez mais justificam a sua continuação.

Em todos aqueles seis novos países, como já atrás se referiu, há portanto necessidade da existência em plena actividade de vários Elos Clubes e para isso todos nós, actuais elistas temos obrigação de envidar esforços nesse sentido, batendo às mais variadas portas, inclusive as respectivas Embaixadas e Consulados e conseguindo a ajuda de pessoas que em nós acreditam e estão próximas dos nossos ideais.
E também os nossos estatutos deverão actualizar- se adaptar-se a esta nova realidade, tendo em atenção que se em Agosto de 1959 existiam apenas dois países de língua oficial portuguesa e que esses países são agora oito.


5 - Com tudo o que atrás vem exposto, o que pretendemos e desejamos no essencial, é repensar o Elismo, dar nova vida à Carta de Princípios, relembrar e sublinhar que o nosso Movimento Elista, não pode estagnar, cristalizar e ficar anquilosado.
Tem de evoluir e terá que ser cada vez mais uma realidade dinâmica, profundamente actualizado, pondo cada vez mais o seu acento tónico na cultura e na solidariedade social, tendo sempre presente a preservação da identidade nacional de cada um dos países integrados na comunidade lusófona.

Estes no nosso entender os caminhos que o Elismo pode e deve seguir, para não estagnar, para evoluir, para se expandir e prosperar.
Outros e diferentes caminhos poderão ser conhecidos.
Incumbe a todos os elistas indicá-los e segui-los, sempre no entendimento de que ao segui-los, contribuímos para um melhor êxito do nosso Movimento.

Lisboa 13 de Outubro de 2007
O Presidente do Elos Internacional
Alcindo Augusto Costa

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